Foto: https://variacoesnovasformas.blogspot.com/
AURIDÉA MORAES
( Pará )
É paraense, natural de Castanhal e reside em Marabá desde 2002.
É membro da Associação dos Escritores do Sul e Sudeste do Pará (AESSP) e membro fundador da Academia de Letras de Rondon do Pará e região (ALERPRE).
NUEZA
(parafraseando Franciorlys ViannZa)
Oh vontade
De acordar nua em pelo
Nua de fato
De gramática e de acentos
Só vestida do ato que me despiu
Oh vontade
De acordar nua e sem juízo
Nua de cetim e de seda
De cálices e rotas
Farta de teu verbo
E conjugada de açoites
Oh vontade
De acordar nua e sem diadema
Nua de coroa e adorno
De pare e de chega
E ainda no cio
Oh vontade
De ser nua de algo imune
De tréguas e traços
Ser a conta da tua reza
E contar que o vício é a palavra
Para quem lê e para quem escreve.
VII ANUÁRIO DA POESIA PARAENSE. Airton Souza organizador. Belém: Arca Editora, 2021. 221 p. ISBN 978-65-990875-5-4
Ex. bibl. Antonio Miranda
Coisas da vida
Quando busquei
Um vinco no tecido
Nem precisei saber
Que para todos os finais
Existe uma boa saída
E por falar em melodia
Carrego um violão
Em cadências e encantos
Igualzinho fórmulas de felicidade
Ainda será feita
A leitura dos versos
Das linhas e entrelinhas
Eu também amadureci assim
Vergada pelo peso
Suspensa num galho
No ventre da natureza
São coisas da vida
Domingo
Hoje estive vestida
De domingo
E segundas intenções
Conforma-me saber
Que o pecado
Nunca comprovou
Meu calendário
Nem mesmo
Quando roubadas
Foram todas as rendas
De cor escarlate
No ar
Paira uma dimensão
De intimidade
Já que nada mais está
E tudo ainda há
Meu cacto crava os olhos
E mim
Enquanto do tapete
Recolho taças de vinho
E a meia taça do soutien.
*
VEJA e LEIA outros poetas do PARÁ em nosso Portal:
http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/para/para.html
Página publicada em março de 2022
|